Dia 16 - 19, 20 e 21 de Agosto

Dia 19, 5a feira

Accao de Gracas! Apesar de ser o dia de descanso acordamos bem cedinho para a missa e depois para um "excursao" a leprosaria. E uma das casas das irmas da caridade mas onde nao trabalham os voluntarios e de 15 em 15 dias organizam um visita. A leprosaria e um outro mundo. Nao e uma casa mas uma especie de uma vila onde vivem leprosos e ex-leprosos. Estivemos primeiro a ver o seu trabalho: sapatos, saris, lencois, toalhas... Os saris das irmas de todo o mundo sao feitos nesta leprosaria. Acho fascinante o trabalho nos teares, muito rudimentar, muito rapido... ver fazer tecido. Passamos por uma sala onde sao feitas as proteses para as maos, bracos e pernas que a lepra atrofia. Ate la so tinha visto ex-leprosos.

Passamos finalmente para umas salas cheias de camas onde estavam os leprosos. "Namaste, Namaste, Namaste!". Passavamos rapidamente e distribuiamos cumprimentos e sorrisos por todos. Mas uma vez fiquei impressionada com a alegria destas pessoas e com a sua enorme capacidade de sorrir perante os problemas. As maos e pernas atrofiadas envolvidas em ligaduras, problemas nos olhos, exiladas do mundo, numas camas numas salas com mais 50 pessoas. Altura de accao de gracas pela saude fantastica, por ter maos e pernas!

A tarde nao precisaram de nos na Mother House e fomos lanchar com os nossos amigos indianos. Oferecemos um gelado no McDonalds e ficamos a conversar o resto da tarde. Explicaram-nos a religiao deles, as castas, a impossibilidade de sair da India, o problema trabalhar vs. estudar. Nao podem casar por amor, apenas com pessoas das suas castas aprovadas pelos pais. Se os pais soubessem que se estao a dar com europeias batiam-lhes. Estavam mesmo contentes com a nossa amizade, porque normalmente os indianos sao desprezados pelos europeus, e fascinados com a nossa cultura. Sao bons rapazes, inteligentes, mas que nao tem grandes possibilidades de querer ser alguem na vida. O Mani dizia-me que queria deixar os estudos e ir trabalhar para o McDonalds num sitio qulquer do mundo, ate Portugal, para a mae poder voltar do Dubai onde ganha dinheiro para sustentar a familia. Foi altura de dar gracas por ter nascido no pais que nasci, ter a familia que tenho e os amigos que tenho, poder estudar, me ter sido dada a fe catolica e nao outra, cheia de obrigacoes e com zero de amor.

Dia 20, 6a feira

De manha conhecemos 2 portuguesas acabadas de chegar - a Carminho e a Joana. Quando chegamos a Calcuta tivemos a Nana que nos recebeu e diminuiu em muito o choque. Agora foi a nossa vez de receber, acalmar e facilitar a adaptacao. Tambem conhecemos o Abishar, um americano com origens indianas que esta ca de visita a familia. Muito simpaticos todos!

Estivemos a trabalhar no dispensario, a 1a vez depois da "aula" da Juliete. Foi bom porque me sentia mais confiante no que estava a fazer.

A tarde a Mariana e eu fomos pedir informacoes para ir para casa do bispo (ele tinhanos convidado para ir a casa dele as 15h lembram-se?) mas as irmas disseram que era muito longe. Falamos para desmarcar mas ele disse que mandava o motorista vir buscar-nos. Chegamos a casa dele as 18h... 3 horas atrasadas. Mas ainda bem que fomos. Ele tinha mesa para o cha posta, tinha planeado mostrarnos o seminario, o seu jardim, o rio... Uma honra enorme!!! A Mariana e eu trocavamos olhares de nervosismo, excitacao e sobretudo espanto. Porque nos? Ele disse logo que nunca convidava gente para sua casa mas que tinhamos sido muito simpaticas na Mother House e ele ficou com pena quando disse que nao conhecia a India para la de Sudder Street - Mother House.  Fomos a sua igreja que e nova, muito simples e muito bonita. Depois mostrou-nos algumas das plantas medicinais e exoticas que tinha no jardim (da canela, babaneira, coco) e fomos lanchar. Doces tipicos indianos e banana. Um pote de acucar. Nao gostei mas claro que comi na mesma. Ofereceu-nos uma caixa para trazermos para o hotel, canela, livros que ele escreveu, a moldura com uma santa indiana, o mapa da India, posteres de Madre Teresa. Mostrou-nos os seus escritorios e a capela e depois trouxe-nos de volta com o motorista. No caminho falou-nos de Madre Teresa, da India, de si e ainda nos levou a jantar fora. Comida tipica indiana de qualidade, muito picante mas optima e tive pena de ter lanchado =) Vamos la voltar e jantar com ele e os outros padres da casa na 4a e dormimos nas irmas de Baruipur (a terra proximo de Calcuta donde ele e Bispo). E espantoso o que um "Sim, ficamos a trabalhar na Mother House" e "Sim vou ser simpatica com este senhor que nao para de fazer conversa" nos da! Demasiado surreal!

Temos tido imensas conversas com as irmas e agora este convite do Bispo... coisas que nao sao assim muito frequantes entre os voluntarios. Foi daqueles dias em que ficamos de boca aberta com as gracas que recebemos.

Dia 21, Sabado

Hoje foi um dia muito especial para as Missionarias da Caridade. E o dia do Imaculado Coracao de Maria, patrona das Missonarias da Caridade. Foi no dia 21 de Agosta que Madre Teresa pos o sari branco com riscas azuis e saiu a rua, dando inicio as Missionarias da Caridade. A missa na Mother House foi qualquer coisa especial. Tudo feliz, cheio de alegria e em festa! As irmas todas a cantar muito coordenadas e afinadinhas pareciam um coro de anjos. Em DayaDan houve a missa com os miudos todos vestidos a rigor: os rapazes de fato, as raparigas com vestidos e colares. Flores por todo o lado. Depois as mashis prepararam uma serenata as irmas e estivemos em festa quase toda a manha. Estive so a dorbrar fraldas e lencois e a dar almoco. As irmas ofereceram-nos um optimo almoco.

A tarde aventuramo-nos de novo pelo New Market. Correu muito melhor: a Mariana consegui despachar o senhor que nos queria fazer de "guia". Tiramos fotografias muito comicas no meio dos chas e especiarias e ainda compramos uma caixa. O dia hoje acaba cedo.. esta na hora de por sonos em dia.

Beijinhos!

PS: Ja sonho em voltar para Portugal para o desafio de tentar por tudo o que tenho aprendido em pratica no dia a dia! Mas vou ter saudades disto...