A contagem decrescente ja comecou. Por um lado cheia de vontade de voltar para conforto, calma, seguranca e para junto daqueles de quem naturalmente gosto. Por outro lado quero imenso estar aqui a contraria todas as tendencias naturais: amar aqueles que nao me apetece, queixar-me menos, ser simpatica e alegre de manha (e o mais dificil... um grande trabalho pela frente). A Mariana coitada leva com o mau humor matinal todos os dias. Os 3 ultimos dias voltaram a ser duros... desgastantes. Nao ha muito tempo para dormir e a minha cabeca nao para de receber informacao e pensar para tentar assimilar. =)
No dia 22, domingo, a Mariana e eu lemos as leituras na Mother House. Estava uma pilha de nervos. A Mother House tem imensas irmas e novicas (eu diria 150) e ainda 10 a 15 padres no altar. E quando ia ler o Aleluia tinha 15 possibilidades na pagina marcada e nao me lembrava de qual a irma me tinha dito. Acertei! E disseram-nos que lemos muito bem! DayaDan foi calminho. O domingo e sempre uma festa! A missa e sem duvida o momento mais emocionante da vida daquelas criancas que cantam aos gritos e ha um rapazinho que toca bateria. A tarde estive a falar com um padre M.C. que e um espectaculo!
No dia 23, segunda, estive no dispensario de manha mas esteve um bocado parado. Acho que Deus me quer lembrar que nao e importante fazer muitas coisas mas sim faze-las com muito amor. A tarde fomos buscar bilhetes para os filmes de Madre Teresa (vai haver cinema intensivo...), estivemos a conversar com as irmas e fomos ver o dispensario da estacao de comboios. Mais pobre, com menos condicoes e dizem que as feridas sao piores, com vermes, mas estivemos la pouco tempo para poder confirmar (sinceramente nao me importo muito=) ). Voltamos as 17h30 para a Mother House, onde houve uma missa especial animada pelos miudos de Daya Dan. E espantoso que miudos que mal sabem falar sabem rezar a Ave Maria, responder e comportar-se na missa. A primeira palavra que eles aprendem nao e mae nem pai. Calculo que seja sister ou God. E bonito! Depois da adoracao fomos comer sopa (de pacote) a casa das mexicanas. Acho que estou menos esquisita: apesar de ainda nao ter comido na rua e nao tocar em carne desde que ca cheguei (ver o talho e as galinhas na rua e perceberiam) ja comi iogurte que vi o indiano a fazer com a ajuda dos dedos de vez em quando, e sopa de pacote nunca soube tao bem!
Hoje, dia 24, o cansaco e mau humor matinal estiveram ao rubro. Mas em Daya Dan, enquanto pendurava roupa estive a falar com a irma Rimel e fiquei optima. Esta irma, de 21 anos, e a Maril Grace (da enfermaria), de 22 anos, estao a ficar nossas amigas. A Mariana faz conversa com todas e eu aproveito a boleia. Perguntam por nos, dao conselhos, ensinam-nos e sao mesmo alegres e brincalhonas! O tea time foi tempo de fotografias: comecam os nossos amigos a ir embora. A Maria espanhola vai amanha, as francesas e os italianos vao 6a. Os portugueses que vieram connosco ja foram. Chegam pessoas novas mas esta mais "vazio".
A tarde fomos a Kalighat. Muito famosa, foi a primeira casa que Madre Teresa criou. e a casa dos moribundos. As irmas trazem os moribundos que encontram na rua para morrerem amados e com dignidade nesta casa. Nao e tao pesado como se poderia pensar, precisamente pela paz e alegria que Cristo traz a estas vidas. Eu estive 1h30 a cortar gaze e depois 30min a observar. Estive com uma senhora sem uma orelha, cabelo, nem dentes, cadaverica mas que muito alegremente falou, falou, falou... E depois deu-nos a sua bencao, nos demos a nossa e ficou a dormir. Ha senhoras menos conscientes e mais apaticas com quem nao sei o que fazer mas tambem porque nao tem sido este o meu trabalho. Aqui ninguem nos diz o que devemos fazer; perguntamos ou inventamos. Por isso e bom estar algum tempo e ser constantes no nosso trabalho.
Beijinhos!!!
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